sábado, 17 de abril de 2010

Luto

Hoje, 17 de abril de 2010 é um dia triste em nossas vidas: D. Vera Lúcia, minha estimada sogra, desencarnou após sofrer uma grande cirurgia na tentativa de aliviar-lhe o sofrimento por um traumatismo craniano, causado por um acidente ontem pela manhã; ela descia do ônibus quando o motorista “não a viu”  e arrancou com o automóvel, provocando sua violenta queda e consequente trauma. Foi ainda consciente assitida por uma amiga que a acompanhava, sendo levada a uma clínica particular onde aguardou o neurocirurgião que somente à tarde responderia ao parecer de uma paciente gravíssima e urgente. Não bastasse a demora, tivemos como resposta que o procedimento (ratifico – uma EMERGÊNCIA) só seria realizado mediante um depósito de – pasmem - R$ 40.000. Amigos, salvar uma vida agora custa caro….

Vergonha para a classe médica. Só isso tenho a dizer. Comércio. Mesquinharia. Falta de ética. Crime!

A empresa de ônibus por sua vez em seu pouco caso e falta total de respeito ao ser humano, negou-se a arcar com as despesas médicas. Mesmo tendo sido o motorista reconhecido culpado pela queda. Humanidade? Zero. A advogada quando contactada fingiu ter o celular com pouco sinal, “não escutando, pois a ligação estava ruim”, e em seguida na segunda tentativa imediata de contato, desligou o aparelho.

Mau caratismo. Desumanidade. Direitos humanos?

Sem desistir, já às 18 horas, nos encaminhamos à Defensoria Pública, cujo luxoso prédio contrasta com a miséria dos nossos hospitais públicos. havia uma fila e ao abordarmos um funcionário do guichê de atendimento, mesmo estando meu marido sob lágrimas e desepero, alegando a questão ser urgentíssima, pois cada minuto seria precioso e poderia custar uma vida, ouvimos do sujeito a seguinte gentileza: “Todos os que estão aqui são urgentes, o senhor sente e aguarde”. Perguntei em alto tom se todos os que estavam ali estavam com a mãe morrendo no hospital. E assim graças a solidariedade dos que se compadeceram da situação, conseguimos prioridade no atendimento. Não pelo funcionário, pela pouca humanidade que ainda resta em alguns seres.

Estamos órfãos de justiça no mundo. Impunidade.

Finalmente às 21 horas conseguiu-se a remoção para o Hospital MIguel Couto, onde prontamente foi realizada uma segunda tomografia de crânio e em seguida uma cirurgia de aproximadamente 4 horas. Minha estimada sogra saiu com vida da cirurgia, porém às 1o da manhã seu organismo não mais resistiu às lesões causadas pelo violento trauma.

Fica aqui meu tom de protesto, sem qualquer clemência àqueles que merecem e serão punidos, seja pela justiça terrena seja pelas próprias consciências.  

Renata Dart.

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