terça-feira, 5 de outubro de 2010

Aprender a não generalizar

 

Essa semana tive um momento paciente. Sim, destes que passam mal e vão ao hospital procurar atendimento médico. Derrubada por uma gastroenterite não consegui me deslocar ao local de trabalho naquele dia da semana (meu emprego público estadual), e graças ao contrato que assinei (e esse foi o preço para ganhar um salário digno e condizente) recebi metade do que recebo mensalmente em condições normais. Aí o sr. governador se gaba na campanha clamando aos quatro ventos que deu aumento ao funcionário do estado… só não diz que o pobre tem que ser uma espécie de super-herói, imune a qualquer tipo de intercorrências e imprevistos tais como ficar doente (meu caso), de férias, gestante, qualquer tipo de licença. Nesses casos, fica-se também no cheque especial.

Foi mais uma de minhas experiências estilo fase negra. Fora a punição financeira decorrente da alegria de um bicho qualquer no meu intestino, vou ao hospital a muito custo, e após ser medicada, do que eu precisaria? Uma declaração de comparecimento. Por ser médica e portanto ciente dos casos de “atestadites”, pedi uma simples declaração de comparecimento, visto que esta se faria necessária no momento de pedir meu abono de falta. Cabe acrescentar que não me identifiquei como profissional, daí senti na pele (e na alma) o descontentamento e a cara de desprezo do colega que ainda não aprendeu que não se deve generalizar. Gente, nem todo mundo que pede declaração (nem foi atestado!) é armador…

Outra experiência de olhar de desprezo foi com o médico da biometria, o “perito”, que viu meu atestado, esqueceu que compartilhamos da mesma carreira profissional, e me fes sentir um pobre paciente do SUS. Digo pobre não pela situação financeira, mas no sentido figurado mesmo, pobre de atenção, de atendimento digno, pobre de saúde e educação. Lamento tanto por essas pessoas que dependem da saúde pública, porque mesmo não sendo a classe social uma opção, são tratados como à margem da sociedade, a maioria deles, na maioria dos casos. Certas experiências embora desagradáveis, são proveitosas no sentido de sentir na pele o que outros passam sem ter outra opção. E de rever nossos conceitos.

Mais uma vez, não dá para generalizar. Nâo somos o leito 1, 2 ou 3. Somos pessoas com nome e sobrenome, e cada qual com suas características, alguns “espertos”, outros honestos, outros na sua, alguns até, quem diria… médicos! Graças ao bom Deus nem todos pensam da mesma forma. Graças ao bom Deus também eu pertenço a minoria.

ivy_bar23

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