A vida conforme os olhos de quem a vê
Estava a minha pessoa aguardando na fila de sorvete do Bobs, quando um pai estava comprando uma casquinha para seu filho de uns onze ou doze anos. Ele pediu duas (uma para cada); eis que o vendedor deu a primeira casquinha ao pai; o mesmo ia dá-la ao filho, que disse “Não, pai.” O pai: “Não quer? Por quê?” O filho: “Não pai, esta é sua”. Agora o pensamento contra-inocente do pai: “Ahhh, entendi… vc quer a segunda porque a primeira está com sorvete velho” Abram-se parêntesis: ?!?!?!?!? Velho como assim? Pessoas, a criança teve a nobre atitude de oferecer o primeiro sorvete ao pai, e o mesmo interpretou como “malandragem” a gentileza do filho, quando deveria estar incentivando a bela atitude. A cada dia que passa creio mais na minha teoria de que viemos ao mundo sábios, e vamos desaprendendo no caminho conforme ficamos mais velhos. Muitas vezes o que chamamos de experiência de vida representa atrofia de certas qualidades, como generosidade, humildade, capacidade de sonhar e ser feliz com pequenas coisas. O pai interpretou a atitude do filho com a sua visão já distorcida de adulto, e penso que um dos primeiros passos para viver melhor seja ver o mundo com olhos de criança. Sonhar mais, brincar mais, sorrir sem pensar no que vem depois. Enxergar no outro o que ele tem de melhor, e abstrair o que ainda é imperfeito. Não confundir prudência com desconfiança, não deixá-la beirar o preconceito. Lembrar sempre de enxergar o mundo como ele é, sem “imaginar coisas” e, quando fazê-lo, que seja para entrar num conto de fadas. Sonhar sempre, sem pensar nas consequências, sem o compromisso de trazer o sonho à tona. Viver com mais leveza. E sonhar.

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