terça-feira, 16 de novembro de 2010

Manual de Sobrevivência Numa Viagem Solo

Viajar sozinho é legal. É sim, sem traumas. Tive minha primeira experiência e aprendi certas coisas na prática que antes só povoavam minha imaginação. E a primeira regra é: a maior parte do que você imagina não vai acontecer. É sério. Para quem, como eu, sofre de ansiedade e excessiva preocupação, é natural imergir num futuro imaginário que, creia em mim, é pura fantasia. Você não vai perder suas malas, não vai se perder no aeroporto, vão haver milhares de táxis para te levar ao seu destino, e vai conseguir fazer seu check in sem ser questionado. Uns micos aqui, outros ali, fazem parte do processo. Mas, afinal, a chance da maior parte das pessoas que passam por você passar uma segunda vez é ínfima. Então… que diferença faz?

Importante: desconfie de quem te oferecer muitas vantagens. Afinal, reza a lenda que quando a esmola é muita o santo desconfia. Caso esteja em grupo, podem te chamar para todos os eventos porque você é uma compania agradável, ou porque precisam de só mais um para dividir e conseguir aquele desconto. Ou os dois. Seja lá o que for, o importante é a social, dançar conforme a música, prestando atenção na letra para não perder as entrelinhas.

Por falar em dividir: Nunca seja o último a pagar uma conta de bar ou restaurante. O último quase sempre fica no prejuízo. Porque por mais lógica que seja a matemática do total devido, sempre fica um “resto” nos dividendos. E esse resto sobra para o resto pagar.

Se não tem ninguém para conversar, arrume uma compania inanimada como, por exemplo, seu notebook ou celular. Ou mesmo um bom livro. Vá para o lobby do hotel, tome um drink enquanto monologa com seu amigo objeto. Uma hora ou outra aparece alguém para jogar papo fora. Afinal, ostracismo é para pérolas, não para gente como a gente que não deve nada a ninguém.

Muito axé.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bizarrices

 

Estampado na camisa de uma sujeita cujo peso e beleza não muito lhe favorecia:

“O amor é cego, então vamos palpar”

Pelo menos nem corre o risco de ser assediada...

No corredor do hospital, diálogo entre duas senhoras da limpeza:

“É, minha amiga, vê se vc arruma um macho que te tire dessa vida…”

Primeiro: que espécie de bicho somos para achar um macho? Segundo, tirar dessa vida? … andam pregando por aí o retrocesso da dependência feminina ou o relacionamento com alguém com porte de arma?

Bizarro Alegre

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A vida conforme os olhos de quem a vê

 

Estava a minha pessoa aguardando na fila de sorvete do Bobs, quando um pai estava comprando uma casquinha para seu filho de uns onze ou doze anos. Ele pediu duas (uma para cada); eis que o vendedor deu a primeira casquinha ao pai; o mesmo ia dá-la ao filho, que disse “Não, pai.” O pai: “Não quer? Por quê?” O filho: “Não pai, esta é sua”. Agora o pensamento contra-inocente do pai: “Ahhh, entendi… vc quer a segunda porque a primeira está com sorvete velho” Abram-se parêntesis: ?!?!?!?!? Velho como assim? Pessoas, a criança teve a nobre atitude de oferecer o primeiro sorvete ao pai, e o mesmo interpretou como “malandragem” a gentileza do filho, quando deveria estar incentivando a bela atitude. A cada dia que passa creio mais na minha teoria de que viemos ao mundo sábios, e vamos desaprendendo no caminho conforme ficamos mais velhos. Muitas vezes o que chamamos de experiência de vida representa atrofia de certas qualidades, como generosidade, humildade, capacidade de sonhar e ser feliz com pequenas coisas. O pai interpretou a atitude do filho com a sua visão já distorcida de adulto, e penso que um dos primeiros passos para viver melhor seja ver o mundo com olhos de criança. Sonhar mais, brincar mais, sorrir sem pensar no que vem depois. Enxergar no outro o que ele tem de melhor, e abstrair o que ainda é imperfeito. Não confundir prudência com desconfiança, não deixá-la beirar o preconceito. Lembrar sempre de enxergar o mundo como ele é, sem “imaginar coisas” e, quando fazê-lo, que seja para entrar num conto de fadas. Sonhar sempre, sem pensar nas consequências, sem o compromisso de trazer o sonho à tona. Viver com mais leveza. E sonhar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Aprender a não generalizar

 

Essa semana tive um momento paciente. Sim, destes que passam mal e vão ao hospital procurar atendimento médico. Derrubada por uma gastroenterite não consegui me deslocar ao local de trabalho naquele dia da semana (meu emprego público estadual), e graças ao contrato que assinei (e esse foi o preço para ganhar um salário digno e condizente) recebi metade do que recebo mensalmente em condições normais. Aí o sr. governador se gaba na campanha clamando aos quatro ventos que deu aumento ao funcionário do estado… só não diz que o pobre tem que ser uma espécie de super-herói, imune a qualquer tipo de intercorrências e imprevistos tais como ficar doente (meu caso), de férias, gestante, qualquer tipo de licença. Nesses casos, fica-se também no cheque especial.

Foi mais uma de minhas experiências estilo fase negra. Fora a punição financeira decorrente da alegria de um bicho qualquer no meu intestino, vou ao hospital a muito custo, e após ser medicada, do que eu precisaria? Uma declaração de comparecimento. Por ser médica e portanto ciente dos casos de “atestadites”, pedi uma simples declaração de comparecimento, visto que esta se faria necessária no momento de pedir meu abono de falta. Cabe acrescentar que não me identifiquei como profissional, daí senti na pele (e na alma) o descontentamento e a cara de desprezo do colega que ainda não aprendeu que não se deve generalizar. Gente, nem todo mundo que pede declaração (nem foi atestado!) é armador…

Outra experiência de olhar de desprezo foi com o médico da biometria, o “perito”, que viu meu atestado, esqueceu que compartilhamos da mesma carreira profissional, e me fes sentir um pobre paciente do SUS. Digo pobre não pela situação financeira, mas no sentido figurado mesmo, pobre de atenção, de atendimento digno, pobre de saúde e educação. Lamento tanto por essas pessoas que dependem da saúde pública, porque mesmo não sendo a classe social uma opção, são tratados como à margem da sociedade, a maioria deles, na maioria dos casos. Certas experiências embora desagradáveis, são proveitosas no sentido de sentir na pele o que outros passam sem ter outra opção. E de rever nossos conceitos.

Mais uma vez, não dá para generalizar. Nâo somos o leito 1, 2 ou 3. Somos pessoas com nome e sobrenome, e cada qual com suas características, alguns “espertos”, outros honestos, outros na sua, alguns até, quem diria… médicos! Graças ao bom Deus nem todos pensam da mesma forma. Graças ao bom Deus também eu pertenço a minoria.

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Manuais: como perder um paciente

 

Taí uma coisa que não se aprende em cadeira alguma da faculdade. Levar conforto a uma mãe que acabou de perder seu filho é mais difícil que manejar qualquer paciente grave, por mais obscura que seja a situação clínica. Não há o que dizer, não há palavra que alivie a dor e até mesmo a culpa da pobre criatura que trouxe um ser ao mundo e se vê obrigada a vê-lo partir. É contra-natural, sobre-humano, penso que seja a pior dor que um sujeito seja capaz de suportar. Se é que é todos sejam capazes….

Perder um paciente dói sim. Mesmo que seja aquele com quem nem se desenvolveram laços de afeto, mesmo que não haja fortes vínculos fraternais.  Não existe esse papo de que “com o tempo você se acostuma”, ao contrário do que tantos pensam, médico e demais profissionais de saúde não são máquinas de fabricar cura, há pessoas por detrás dos jalecos. Há pessoas que sentem e choram internamente por muitas vezes se sentirem impotentes diante de inevitáveis situações. Sentem por, cada vez que isso acontece, despertarem para a óbvia realidade de que não são deuses, não são senhores da vida e da morte, não detêm o controle “quando chega a hora” de quem quer que seja; o que importa é a tranquila consciência do “fiz tudo o que poderia ter feito”, coisa que por vezes nos falta mesmo tendo esgotado as possibilidades e seguido os protocolos dos tratados e rotinas de serviço. O sentimento de “não ser Deus” incomoda mesmo. E chega a doer. Principalmente naqueles que de fato se importam com a causa. Resta, nesses momentos, permitir que nosso lado humano (sim, somos seres humanos…) trabalhe no sentido de levar conforto aos que ficam, ainda que conscientes de não existir palavra que seja capaz de fazê-lo em sua totalidade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Também sou do tempo em que... (segunda parte)

...Voto ainda era no papel
... pessoas sem noção escreviam em notas de dinheiro - lembram das desagradáveis correntes? "Quem pegar esta nota...."
... Linha amarela não constava no guia rex
... comprava-se em lojas como Sears e Mesbla
... De volta às aulas: lista de material era na Casa Mattos
... Karaokê era em disco de vinil - sim, usávamos o toca-discos - e a letra da música vinha na contra-capa.
... passávamos New Wave no cabelo e na pele para brilhar no carnaval 
... polícia andava em fusca (os bandidos eram mais travados?)
... placa de carro era amarela, e só tinha 2 letras.
... Vistoria era coisa do futuro (hoje só serve para encher o saco de quem anda na linha)
... comprar no cartão de crédito era uma lenha - tinha que procurar naquele bendito livro cheio de números para ser liberada a compra
... e cartão de débito (viva o inventor!) não existia. Era carão ou cheque mediante identidade, CPF, comprovante de residência, marca de roupas íntimas, etc.
... meninas que casavam virgens eram bem vistas. Hoje em dia preocupam.
... telefone público era de ficha (lembra disso?)
... desenho animado era feito quadro a quadro. Fora os que eram feitos com massinha.
... efeitos especiais no cinema se resumiam a gelo seco e montagens primitivas 
... caixas operavam máquinas registradoras - aquelas bem barulhentas - as bolsas eram de papel e as empacotadoras guardavam nelas as nossas compras.
... café era moído na hora nas padarias
... caneta era "apagada" com borracha azul - que a gente molhava na língua, e fatalmente fazia um furo no papel.


Nostalgia pura... e quem não gosta de lembrar??

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

 Gente, pelo amor de Deus... tem limite, né?... O país virou circo de vez... Só que os palhaços somos nós. Prestemos atenção ao nosso voto, pois é ele quem elege o sujeito que irá nos representar. Tem gente como o indivíduo aí abaixo que sequer sabe o que irá desempenhar se eleito.  Tem alguma coisa errada, não?....





































terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sou do tempo em que…

 

Nostalgia___yoyo

… política era coisa séria

… mamadeira era de vidro

… Atari era video game

… mudar o Brasil era uma opção

… não existia telefone celular, e quem quisesse conseguia se esconder

… computador nem pensar, era muito caro e nem existia para fins domésticos

… Bill Gates era pobre (já foi um dia?)

… Tráfico de drogas era coisa incomum

… shopping era o Barra Shopping e olhe lá.

… criança assistia Bozo, Os Trapalhões e o que mais a censura permitisse

… Internet? Nem em sonho!

… Sacola de supermercado era de papel

… Garrafa de coca-cola era de vidro, e de 1 litro! Depois veio a Big Coke de 2 litros, de plástico

… Cherry Coke também era vendida no Brasil

… Lata de refrigerante e cerveja era de outro metal, que não o alumínio

… ainda se brincava na rua (de pique, bandeirinha, queimado, alerta etc.)

… os melhores brinquedos eram da Estrela

… desenho animado só passava de manhã e de tarde

… não existia tv a cabo

… bons compositores e boa música não estavam em extinção

… os meninos da escola usavam Kichute (se é assim que se escreve isso)

… as meninas brincavam de boneca até uns 13 anos (hoje “fazem” bonecas)

… se brincava de adedanha, vaca amarela, detetive, vítima e assassino na calçada de casa

… cinema ainda era na rua

… não havia aparelho de microondas

… o comércio não abria domingos e feriados

… a inflação não permitia que se comprasse nada a prazo

… não existia rodízio de pizza, e os de carne eram escassos

…  um lanche no Mc Donald´s não era tão caro

… sair à noite e voltar de madrugada ainda era possível

… muitos se esbaldavam na piscina Tonny em dias de verão

… se alugava fita de vídeo na locadora, e se não rebobinasse pagava multa

… se ouvia fita K7, muitas vezes com músicas gravadas do rádio

… se fazia festa americana

… as pessoas ainda tinham tempo para si próprias e para seus amigos

… as pessoas distantes se comunicavam por cartas

… foto era com filme de 12, 24  e 36 poses, e tinha que mandar revelar para saber como havia ficado. Se não queimassem.

… os filmes demoravam 1 ano para chegar à locadora e uns 3 anos para ir à televisão

… se mascava Ploc Gigante, Mentex e Bolete

… telefone era de disco, não de teclas

… Se brincava de Aquaplay, Ferrorama, Genius e por aí vai

… se vestia calça Lee

… se curtia Zambinos, Bala Boneco – essa deixou saudade – Mirabel, picolé da Gelatto, chocolate Kri e Lollo

… não ouvíamos CDs, e sim discos

… domingo era dia de Domingo no Parque, com Silvio Santos, e à noite show de calouros. E não era SBT, era TVS

… Faustão apresentava Perdidos na Noite

… se trocava tampinha de coca-cola por io-iô

E aí, a gente percebe que a idade vai chegando…. :D Mas o melhor de tudo é ter história para contar.

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terça-feira, 25 de maio de 2010

Da série conversas de padaria

Domingo pela manhã e mais uma vez os comentários bizarros registrados pelos meus sensíveis (demais) ouvidos. Não sei se é puro e simples mau humor ou estresse normal de uma criatura recem-saída de plantão.

Na fila do pão, como sempre, um senhor à minha frente deseja mortadela. “Que mortadela é essa?” “É Sadia, senhor” – responde a menina atrás do balcão. “É defumada?” Aí já pensei: tá ficando patológico. “Sim, é defumada”. “Então me vê 150g”. Ligeira pausa. “Bem fininha”. Mala… provavelmente a menina atrás do balcão compartilhou deste mesmo pensamento meu. Daí no que ela vai pegando a mortadela defumada Sadia bem fininha do cara (dá para ver através do vidro do balcão), ele interrompe “ESSA AÍ É A DEFUMADA?!” Ainda bem que aqui não se lêem pensamentos, porque se assim fosse eu provavelmente já teria apanhado de alguém. Por que o indivíduo não aponta o que quer e simplesmente diz “Eu quero essa”? Simples demais… tem que complicar, ou não tem graça. Será que é carência desse povo? Seja lá o que for, haja paciência…. aff…

terça-feira, 4 de maio de 2010

Crítica Gastronômica – Baby Beef

bonequinho 1

Domingo passado buscávamos eu e meu marido jantar em uma churrascaria que fosse boa, bonita e barata. Encontramos uma, que acabamos por descobrir posteriormente que possuía somente os dois últimos atributos. Assim adentramos a Baby beef, na Barra da Tijuca.

Sim, não há como negar: é bonita, estilosa, com esculturas em estilo greco-romano, e decoração clássica que se estende do lustre do salão até os toilets. Barata, em comparação aos estabelecimentos similares da Barra da Tijuca. Boa…? Nâo teria tanta convicção em responder.

Iniciou-se nossa observação logo na chegada: zero recepção. Ninguém para nos receber. Adentramos o recinto, qual penetras em festa alheia, até que no meio do caminho surge uma pessoa meio que apressada e pergunta ainda me movimento: “mesa pra dois?” Sim, mesa pra dois… e ficou a observação entreolhares: “meio desorganizado isso aqui, não?”

Era só o começo. Degustamos um filet mignon que de filet só tinha a textura… filet sabor cupim sem gordura. Era possível até sentir o gosto do amaciante. Nâo se discute que variedade há, mas ressalte-se o adendo de que eram variadas carnes com o mesmo sabor “espetinho de rua” Sei lá por que, todas com o mesmo sabor.

Carne vai, carne vem, e as guarnições? Mais ou menos quando nossos estômagos haviam atingido a metade da sua capacidade chegaram as guarnições solicitadas. Eu quis perguntar se a meia dúzia de palitos de batata fariam falta ao maitre, mas meu esposo não achou uma boa idéia; tive sorte de comer duas cebolas fritas (que eu adoro), porque meu marido se compadeceu e me ofereceu a dele. Sim, vieram duas rodelas de cebola: na hora eu ri e falei “uno per me, uno per te, va bene?? Mais uma vez: talvez fosse fazer falta.

Tá. Então, resta uma esperança: a sobremesa. Pedi um petit gateau, que amo de paixão; não fosse o sorvete daqueles aguados que vendem na promoção do extra, o gateau estaria muito bem acompanhado. Conclusão: nem a sobremesa salvou o jantar.

Claro que, para fechar com chave de ouro, coincidência ou não, levamos de brinde uma linda gatroenterite, que por obra do Divino não durou mais que 48 horas.

Primeira e última. O bonequinho plageado do cinema largou a poltrona para ir ao toillet…. :)

sábado, 17 de abril de 2010

Luto

Hoje, 17 de abril de 2010 é um dia triste em nossas vidas: D. Vera Lúcia, minha estimada sogra, desencarnou após sofrer uma grande cirurgia na tentativa de aliviar-lhe o sofrimento por um traumatismo craniano, causado por um acidente ontem pela manhã; ela descia do ônibus quando o motorista “não a viu”  e arrancou com o automóvel, provocando sua violenta queda e consequente trauma. Foi ainda consciente assitida por uma amiga que a acompanhava, sendo levada a uma clínica particular onde aguardou o neurocirurgião que somente à tarde responderia ao parecer de uma paciente gravíssima e urgente. Não bastasse a demora, tivemos como resposta que o procedimento (ratifico – uma EMERGÊNCIA) só seria realizado mediante um depósito de – pasmem - R$ 40.000. Amigos, salvar uma vida agora custa caro….

Vergonha para a classe médica. Só isso tenho a dizer. Comércio. Mesquinharia. Falta de ética. Crime!

A empresa de ônibus por sua vez em seu pouco caso e falta total de respeito ao ser humano, negou-se a arcar com as despesas médicas. Mesmo tendo sido o motorista reconhecido culpado pela queda. Humanidade? Zero. A advogada quando contactada fingiu ter o celular com pouco sinal, “não escutando, pois a ligação estava ruim”, e em seguida na segunda tentativa imediata de contato, desligou o aparelho.

Mau caratismo. Desumanidade. Direitos humanos?

Sem desistir, já às 18 horas, nos encaminhamos à Defensoria Pública, cujo luxoso prédio contrasta com a miséria dos nossos hospitais públicos. havia uma fila e ao abordarmos um funcionário do guichê de atendimento, mesmo estando meu marido sob lágrimas e desepero, alegando a questão ser urgentíssima, pois cada minuto seria precioso e poderia custar uma vida, ouvimos do sujeito a seguinte gentileza: “Todos os que estão aqui são urgentes, o senhor sente e aguarde”. Perguntei em alto tom se todos os que estavam ali estavam com a mãe morrendo no hospital. E assim graças a solidariedade dos que se compadeceram da situação, conseguimos prioridade no atendimento. Não pelo funcionário, pela pouca humanidade que ainda resta em alguns seres.

Estamos órfãos de justiça no mundo. Impunidade.

Finalmente às 21 horas conseguiu-se a remoção para o Hospital MIguel Couto, onde prontamente foi realizada uma segunda tomografia de crânio e em seguida uma cirurgia de aproximadamente 4 horas. Minha estimada sogra saiu com vida da cirurgia, porém às 1o da manhã seu organismo não mais resistiu às lesões causadas pelo violento trauma.

Fica aqui meu tom de protesto, sem qualquer clemência àqueles que merecem e serão punidos, seja pela justiça terrena seja pelas próprias consciências.  

Renata Dart.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Tempo, tempo, tempo….

Esperar é difícil… mas ainda é o remédio mais eficaz contra os males da alma, contra as dores e inquietações. O tempo cicatriza feridas, acalma os ânimos, traz de volta a paz e é um santo remédio contra tudo aquilo que faz doer. Tudo cura o tempo. Traz consigo a verdade, o real, o que realmente deve ser. Sábio é o tempo. Conhece os melhores caminhos, as melhores saídas e soluções. O tempo é a solução. Só mesmo o tempo. E só.

terça-feira, 9 de março de 2010

Pessoas sem noção

Dia desses estava a minha pessoa exausta, recém-saída de um plantão de 24 horas "daqueles", onde 2 horas de sono são uma dádiva. Era domingo de manhã, fui à padaria próximo a minha casa quando me deparo com uma indigesta e interminável fila para o pão. Sabem que pão de padaria leva sempre 5 minutinhos para sair.... e que o relógio do padeiro corre sempre diferente do nosso. Eis que surge uma mulher fisicamente esquisita e psicologicamente afetada, se dirigindo sem mais nem menos à minha pessoa exausta, perguntando se "o Serginho é ou não é"... Serginho? De quem se trata? Quem é esse infeliz nessa altura do campeonato? E o que eu tenho com a preferência sexual do cara? "É o Serginho do Big Brother"... Ahhhhhh...... do Big Brother..... Não assisto isso não, minha senhora. E nisso meu telefone felizmente toca. Tentei extender o assunto até onde pude, quando desliguei pensei aliviada (e iludida): "ela vai me deixar em paz..." "Sabe, ontem eu comprei pão Plus Vita, mas meu filho comeu tudo... hoje tive que vir à padaria, porque não tinha mais nada..." Maldito seja esse infeliz que fez a mãe sair de casa para ir comprar pão e de quebra perturbar a pobre coitada que estava chegando do trabalho às 8 da manhã de domingo... vai morrer de gases o dia inteiro de tanto pão... E ela continuou: "Homem  não gosta de fila, né? Meu marido nunca ficaria aqui, ele entra no mercado, vê a fila e vai embora..." Pensei com meus botões: Sou homem...
Não satisfeita, a possuída pelo demônio tornou a falar: "Vc mora por aqui? Lá perto de casa tem uma padaria, mas não gosto de lá, prefiro vir andando até aqui..." Definitivamente é uma enviada das trevas que veio com o objetivo nefasto de testar até onde vai minha paciência. Daquele tipo de pessoa que vc só concorda, sabe? è... é verdade.... ahammm.... e na sua mente: cara, não poderiam passar por aqui uns ETs que abduzissem esse ser e a deixassem no limbo? Putz, que mulher dos infernos...
Quando após longos 5+5+5+5 minutos o pão chegou, essa criatura que estava na minha frente na fila me pede 17 pães... 17?? Acabaram-se os pães...
Mais 5 minutinhos.....

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Fala sério...




Essa tem os créditos de um doutor amigo meu, cardiologista pediatra atuante em um serviço de emergência da rede privada.
Conta meu amigo que atendeu uma criança com quadro de dor abdominal aguda, filho de mãe "ex-médica". Ex-médica? Sim, por obra divina essa criatura largou a profissão faz 7 anos. A determinada altura do atendimento, a ilustre ex-colega (mais uma vez, comemoremos o "ex") soltou a seguinte pérola: "Doutor, tem um coleguinha dele na escola com a mesma dor, e ele teve apendicite; será que ele PEGOU??"
Como assim???
Bom, o fato é que no momento em que esta pessoa resolveu adotar o "ex" na frente do título recebido pelo diploma, fez um imenso bem à humanidade. Teve bom senso. Deus existe.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Da série Bizarrices - Nomes sem noção

Como pediatra convivo com a experiência muitas vezes interessante de conhecer diversos nomes com diversas histórias; compartilho aqui alguns interessantes, outros engraçados, com todo respeito daqueles que o assinam em seus documentos ou registraram como seus rebentos.


Mariana Tifani
Melquisedeque - perdoem-me os asíduos leitores das escrituras sagradas, mas nomes bíblicos são tão obsoletos que entram para o grupo das bizarrices...
Calebe - idem anterior
Quetilin - Variante de Katleen - aqui vale um parêntesis: o pai de uma das Katleens da vida perguntou a mim como se escrevia o nome da filha dele.
Ruã - Variante de Juan.
Maico - variante de Michael
Maycom - idem anterior
Hudson
Mailly - não sei a origem
Munir - origem árabe - significa "o iluminado"
Renzzo
Nickson - variante do homônimo ex-presidente dos EUA
Sedryc -talvez pelo filme do Harry Potter
Érri Potte - falando nele...
Ilyas - variante de Elias
Thuany
Ericson - variante da homônima marca de celular; pode ser também o filho do Eric.
Lauanda
Irwin
Alefe - variante de Alef
Psilaine
Francilúcio - imagino que seja mais uma das combinações de nomes de pai e mãe
Andril - variante de Andrew
Abelin
Isabor - leia-se como nome feminino, tirado de um conto britânico
Jion - variante para Jhon
Kayene
Hibrael Hiero
Ingrid Priscielle - daquelas combinações que não combinam
Guinifer - alguém quis registrar Jennifer, mas não deu certo
Laydy Dahyana - requer comentários?
Clainclea - nome de mãe de paciente
Thiery Henry - esse pai deve odiar a própria terra natal
Thamirys Cristhianny - com quantos anos essa criatura vai aprender a escrever o próprio nome?? Confesso que até eu tive dificuldade em redigir.
Charleson
Adli - Ilda ao contrário, homenagem à avó da criança
Letisgo - variante (acreditem!) de Let´s go


Outras bizarrices:
Gêmeas cujos nomes eram Ana Carolina, Ana caroline e Anne Caroline - a mãe deveria ser uma amante inveterada das músicas da cantora, e resolveu homenageá-la plenamente. Ou foi falta de imaginação pura e simples. A terceira infelizmente faleceu, penso que de desgosto, como fator contribuinte para o óbito;



Rose Mary e Mary Rose - outras gêmeas vítimas da falta de criatividade


Uma mãe cujo quinto filho era menina, quando eu perguntei sobre qual seria o nome: "Carolina, doutora. Tenho 4 filhos: Matheus, João, Pedro e Moisés." Penso que se Carolina fosse menino seria Jesus Cristo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Pérola do dia - adendo ao tópico anterior

Mamãe ao ver seu bebê pela primeira vez:

"É a cara do pai, cuspida e cagada"

Essa é pra quem achava que "cuspida e escarrada" já era uma variação escatológica da real expressão "esculpida em carrara"... Só pra lembrar que quando se pensa que é ruim... pode ficar pior :/

Com a ilustre participação de Dr.Roberto, colega obstetra.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O nascimento


Trabalho em uma maternidade. E ainda hoje, após acompanhar tantos partos, me emociono com alguns deles. Para mim, o primeiro encontro de olhares entre mãe e bebê é único, mágico, não existe nada que se compare a tal. Já vi de tudo: mães que choram (muitas), mães que pediram que levasse logo o bebê por sentir dor, mães que à primeira vista determinam com quem se parece o bebê (mesmo estando completamente edemaciado), e até já ouvi mãe soltar bizarrices do tipo: "tadinho, é feio igual ao pai..." Como assim?...


De todo jeito, recém nascidos impressionam e emocionam. Ao acompanhar um bebê nascido de parto cesáreo no hospital onde trabalho (público, vale dizer), devo iniciar a romaria de subir 8 andares num elevador geralmente lotado, e ao adentrá-lo o primeiro som a ser ouvido é um longo e miado "Aaaaaaahhhhhhhh" Depois começam os célebres questionamentos: "Nasceu agora?", "É menino ou menina?" e os felizes comentários: "Nossa, já abriu o olho..." e outro responde "É, hoje em dia só falta nascer andando..." E por aí vai... Sempre assim. E em todos o tempos, o nascimento foi e sempre será um acontecimento. Histórico, hilário ou bizarro, um feliz acontecimento.


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sábado, 2 de janeiro de 2010

Gentileza

Gentileza gera gentileza, já dizia o profeta.... Jà passaram por uma situação em que você se dirige a alguém com um sorriso no rosto e é recebido com total indiferença, ou pior, com cara de péssimos amigos? Quando isso me ocorre me sinto miudinha... Eu tentando ser gentil, sorrindo para ser agradável, e a pessoa lá, impassível em seu pedestal de mau-humor... ou superioridade, sei lá...

Nâo custa nada ser gentil. Gentileza é um sorriso cortês, um favor que se faz, pensar no outro. Pensar no que você gostaria se estivesse no lugar do outro. Ser gentil não dói, não faz mal... e não diminui mesmo quando a gentileza não vem de volta. E é uma pena para o outro quando isso acontece. Porque ajudar, ser útil e benevolente é uma oportunidade de crescer, e se você não devolve o bem que alguém lhe faz, não evolui como pessoa. Não aprende a amar. Nâo sente o bem-estar único de ter feito algo de bom para alguém. Ser gentil no trânsito, em família, entre amigos, no trabalho, na rua, e até com aquele que não é gentil com ninguém. Esse é um dos caminhos.